segunda-feira, 22 de abril de 2013

Intolerância Religiosa e Preconceito Racial

O juízo de valores preconcebido, ou preconceito, encontrado em todas as partes do mundo, está sempre acompanhado por atitudes discriminatórias contra o indivíduo ou grupo, como a intolerância racial, religiosa, entre tantas outras formas repulsivas de se externar o inaceitável.

Compreender a psique humana é tarefa árdua, indiscutivelmente. No entanto, me arrisco a dizer que o preconceito nasce da ignorância, na acepção do termo, partilhando do entendimento do escritor e filósofo inglês William Hazlitt, que escreveu sabiamente que “O preconceito é filho da ignorância”.
A forma de eclosão do preconceito é a criação de uma universalização superficial e burra, também conhecida como estereótipo.
E aí é que a coisa começa a mudar de figura, se aproximar mais da nossa realidade, da realidade do candomblé, e também da umbanda, ainda que sejam religiões completamente diferentes, porém que experimentam o mesmo preconceito.
O estereótipo do “macumbeiro”, “preto” e “pobre”, está sedimentado na concepção popular, justamente pela falta de conhecimento. Sem falar que o candomblé é considerado “Uma religião para os excluídos”.
Curiosamente, presenciei há alguns dias uma conversa entre um zelador de santo branco de olhos azuis e uma não adepta. Chamou-me a atenção o fato da distinta senhora visivelmente espantar-se ao ver o sacerdote, deixando escapar puerilmente a seguinte afirmação: “Nossa, pensei que o senhor fosse negro…”.
Por um momento ouviu-se um silêncio sepulcral.
Tomei meu rumo inquieto, pensando no preconceito racial deslavado que impera cotidianamente, e então me lembrei que o Brasil, vergonhosamente, foi o último país da América Latina a abolir a escravidão.
E que fique esclarecido que a escravidão fora abolida tão somente no frio papel, e do contrário, guardadas as devidas proporções, ainda não me convenci. Não é exagerado lembrar que em muitas oportunidades a grande mídia veicula matérias denunciando o trabalho em carvoarias, pedreiras e plantações.
O mais intrigante é ser remetido às origens do povo brasileiro, particularmente. O brasileiro é o mestiço por excelência, como defendeu efusivamente o sociólogo, antropólogo e escritor brasileiro Gilberto Freyre. "Quem somos nós senão o resultado da encantadora e deslumbrante miscigenação, criadora dos nossos traços culturais mais marcantes, das nossas raízes".
O povo africano contribui significativamente para a construção das riquezas do País, além de ser parte fundamental da base de formação da etnia brasileira.
A vastíssima herança cultural é percebida na religião, na língua, na gastronomia, na música, e até mesmo na contagiante alegria, e me corrijam se eu estiver equivocada.
Como então, sem qualquer justificativa plausível, o brasileiro, em especial, pode renegar preconceituosamente o candomblé e as outras manifestações do negro africano senão por cristalina ignorância?
Renegar o negro e sua contribuição histórica e cultural é, sem dúvida, renegar a si próprio.


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